A criação de um monumento vivo de araçá tornou-se uma missão, resgatando a designação "várzea" dada pelos índios Tiupinambás à região, rica em árvores frutíferas de araçá. Este renascimento artístico busca revitalizar a cultura por meio de práticas estéticas colaborativas, desafiando os "fantasmas" que assombram projetos compartilhados.
Esta jornada artística começou como um projeto modesto em Araçatiba, destinado a explorar as riquezas culturais e históricas da comunidade quilombola de Araçatiba. Sob a tutela de um grupo de extensão da Universidade Federal do Espírito Santo, a pesquisa detalhada mergulhou na história da região, demarcando os contornos originais da fazenda que abrangia três municípios distintos.
Naquela época, a equipe do Lenna da UFES comprou uma quantidade considerável de mudas (cerca de 50), que foram cuidadas na casa de dona Nini, regadas pelo senhor Gentil(in memória) durante seis meses. No entanto, diante de desafios no desenvolvimento do projeto, as mudas foram doadas para a membros diversos da comunidade. Ao contrário do que afirma o professor cirilo sobre o esquecimento da obra e a morte das mudas, elas foram cuidadas pela comunidade. Existem remanescentes dessas mudas espalhadas por toda a região, incluindo aqui no sítio, a casa do Quebra Coco, a casa da dona zélia, entre outras casas em Araçatiba e outros bairros...
Araçatiba, agora um quilombo urbano em Viana, emergiu patrimonialmente como uma comunidade de remanescentes de escravos, uma vez sede de uma vasta fazenda jesuítica. Ao longo do tempo, transformou-se de uma fazenda jesuítica para uma comunidade diversificada, guardando apenas uma fração dos 21 hectares originalmente doados à Nossa Senhora da Ajuda, padroeira da comunidade. A presença de brancos, a venda de terras e a intervenção de fazendeiros alteraram a configuração da região, inspirando a criação de uma obra que resgatasse elementos significativos apagados pelo tempo - o Araçá, uma referência direta à paisagem e história da região antes mesmo da chegada da historia acima narrada, historia dos povos originários.
A ideia de criar um monumento vivo de Araçá visa reviver toda essa história da paisagem por meio de uma obra. O projeto foi desenvolvido e aprovado em 2019 pela Fundação Nacional das Artes Plásticas do Brasil (Funarte). Com a notícia positiva, foram realizadas uma série de atividades e obras em parceria com a prefeitura, e o território escolhido para a obra foi uma praça de uso comunitário. Como artista, pesquisei a comunidade, pesquisando locais para a obra. Infelizmente, não obtive permissão para realizar na praça, pois um projeto concorrente da prefeitura já ocupava o território. Migrei a obra para o lado da igreja matriz de Araçatiba, e posteriormente, tentei no território ao lado da escola. Recebi a sugestão de que a obra deveria acontecer dentro do território escolar, mas achei que não seria apropriado, recusando a proposta. Por recomendação de um amigo, transferimos a iniciativa para Viana sede assegurando assim a representação alto nível do araçatiba
Um pedaço de terra ao lado da estação ferroviária de Viana foi cedido, permitindo a construção da geodésica e o plantio dos Araçás em 2021.
Em 2023, uma nova planta, o lúpulo, foi incorporada para elevar a visibilidade da estrutura, simbolizando a coexistência e a busca constante por novas perspectivas na arte e na natureza.
Desde a modesta semente em Araçatiba até a aprovação na Funarte e os workshops iminentes, a Bioescultura Comunitária Araóca é mais do que uma obra; é um testemunho vivo da resiliência da comunidade e da reinvenção constante através da arte. Agora o projeto foi aprovado por meio do edital 02/2022 – Primeira Lei de Incentivo e Fomento à Cultura de Viana, realizado pela Secretaria de Cultura e Turismo (SECULT).Com a aprovação no Edital de Viana, a Bioescultura Comunitária Araóca está prestes a realizar quatro ações fundamentais para o cuidado, desenvolvimento e integração com a comunidade:
Cuidado com o Solo e Limpeza da Estrutura: Esta ação visa revitalizar o solo ao redor da escultura, promovendo um ambiente propício ao crescimento das plantas. Além disso, será realizada uma limpeza cuidadosa na estrutura da Bioescultura, assegurando sua durabilidade e preservação.
Workshop para o Plantio de Lúpulo: Parte integrante do projeto, o workshop oferecerá uma experiência educativa sobre o plantio de lúpulo na Bioescultura Comunitária. Sem datas específicas mencionadas, o workshop promoverá práticas sustentáveis e ampliará o entendimento sobre a coexistência de diferentes elementos na obra.
Mini Curso de Sons Orgânicos com Tiago Folador:Um convite imperdível para explorar sons inspirados na natureza e na cultura, o Mini Curso de Sons Orgânicos, ministrado pelo renomado artista Tiago Folador, é uma oportunidade única. Os participantes terão a chance de descobrir o potencial musical de elementos naturais, explorar técnicas de criação sonora e compreender a riqueza cultural dos sons orgânicos.
Apresentação de Música Eletrônica - Weliggton SOUND TRIBUS:Encerrando as atividades, a apresentação de música eletrônica proporcionará uma experiência sonora única na Estação Ferroviária de Viana.
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